Desde o início da década de 2000, o tema da tecnologia aliada à educação tem sido debatido nas escolas, universidades e entre governos de todo o mundo. No Brasil, ele ainda não recebe tanta atenção, principalmente pelas deficiências estruturais do sistema educacional, como taxa de analfabetismo, hoje em 8,3%. No entanto, existem iniciativas que buscam mudar esse cenário.

O professor e mestre Juliano Gonçales, de 36 anos, de Guararapes (a 31 km de Araçatuba), acaba de ser selecionado para o programa MIE (Microsoft Innovative Educator Expert). Ele participará de treinamentos no Brasil e no exterior, além de ser responsável por dar um retorno para empresa de tecnologia sobre os programas e softwares que poderão ser utilizados por ele em sala de aula.

Criada em 1975, a Microsoft é uma empresa de tecnologia fundada por Bill Gates e Paul Allen. Hoje, Gates é um dos homens mais ricos do mundo. A corporação é responsável por uma série de softwares que se tornaram parte do cotidiano como o sistema operacional Windons e os programas Internet Explorer e o pacote Office.

Como um MSFT-Edu, Gonçales irá trabalhar em parceria com a multinacional americana para fomentar as ferramentas educacionais, de modo que sejam cada vez mais funcionais para os alunos. Ele foi escolhido por se encaixar no perfil empreendedor e pró-ativo buscado pela Microsoft. Com dez anos de magistério, Gonçales foi selecionado após participar do congresso Inova Educa, em São Paulo. Ele foi um dos 60 professores da rede pública do Estado a receber o convite. Ele apresentou um projeto que vinha sendo desenvolvido na Escola Estadual Ezequiel Barbosa e no Sesi 281, ambas em Araçatuba.



FERRAMENTAS
O projeto consiste em utilizar ferramentas tecnológicas como o One Drive para realização de trabalhos na sala de aula. No caso do Ezequiel Barbosa, o desafio foi ainda maior, pois foi desenvolvido com alunos do período noturno. Geralmente, este público é composto por jovens e adultos que trabalham durante o dia e são mais resistentes à inovação.

Entretanto, para o professor, isso não é motivo para desistir deles. "O educador precisa ter muita paciência com os alunos. Principalmente nesta geração imediatista em que vivemos. O ponto fundamental é quando o aluno está prestes a fazer o login no programa. É ali que você precisa ganhá-lo. Se você não motivá-lo, não vai dar certo."

O professor buscou ferramentas que pudessem priorizar o compartilhamento e a simultaneidade das ações. Assim, os alunos podem construir textos e apresentações ao mesmo tempo, sem ter de necessariamente estarem fisicamente próximos. Ele chega a ter 30 alunos logados e consegue controlá-los.

NOVIDADES
Gonçales fala também da importância de o professor procurar apresentar novas ferramentas ao aluno que o façam sair de sua zona de conforto. "Conversas via Whatsapp ou grupos no Facebook eles já dominam. Às vezes, mais que o professor. E é esse o nosso trabalho: buscar o diferencial."

A parceria com os diretores, segundo o educador, foi fundamental para o projeto que agora é laureado pela Microsoft.

Texto: Guilherme Leal - Especial para a Folha da Região
Fotos: Dayse Maria - 24/08/2016
Edição - Aline Galcino